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Ativismo nas Redes Sociais: Ambiguidades e paradoxos

  • Redes104
  • 18 de set. de 2019
  • 3 min de leitura

As redes sociais, como conhecemos hoje, fazem parte do nosso dia a dia e das nossas relações interpessoais. Muitas vezes moldamos nossa personalidade, interesses e formas de existir com o objetivo de nos adaptarmos aos moldes ditos nas redes sociais. Apesar de seus lados confinantes, a rede pode servir de ferramenta de mediação quando pensamos sobre o processo de luta e mudanças sociais na atualidade. Em Tramas da Rede, Pierre Musso fala que a "rede é o fim e o meio para se pensar e realizar a transformação social. (...) Não há mais necessidade de se operar a mudança social, ela se faz permanentemente." (2010, p.37).


A Primavera Árabe, composta por protestos que ocorreram entre 2010 e 2011 contra regimes ditatoriais e a favor de melhores condições de vida, é um grande exemplo de mobilização social intermediada pela tecnologia da comunicação. O movimento nasceu na rede social Facebook e no mesmo foi alimentado e explodiu em uma grande revolução


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“As verdadeiras revoluções são possibilitadas pelas tecnologias da comunicação, a começar pela internet, que realiza a utopia da associação universal pelas redes de comunicação.” (MUSSO, p.34)

Não sendo o único ponto presente, com a globalização - que foi uma quebra de barreiras um dos avanços conquistados com a internet (a troca de informação rápida) - houve um grande rompimento na eliminação de fronteiras e na cultura do conhecimento. Nesse momento já era possível tanto se comunicar com alguém que se encontrasse em outro continente, quanto a busca sobre qualquer lugar no mundo. A conclusão que se chega é que esse avanço não parou.


Mas seriam as redes viáveis ou inviáveis? Qual a sua utilidade para sociedade?

Segundo Jean-Louis Weissberg, em uma tentativa de explicar os paradoxos das tecnologias, é apresentado por ele a relação de redes e territorialização (em coletividades territorialmente próximas), onde ele apresenta que as relações passam a ser desterritorializadas. Apesar de já expressarem um conjunto de conteúdos essas redes que se conectam pela a internet, elas passam agora a ser mais conectadas por outros canais, e acabam reforçando seus laços de aumentar a intensidade de encontros reais.


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O conceito de World Wide Web - ou teia mundial - perpassa por seu entendimento como um planeta relacional, que abriga uma sociedade transparente, consensual e democrática (MUSSO, p.35). Todavia, como dito por Pierre Musso em texto, esse conceito entra em choque em com concepção a dos empresários que veem nesse universo de um mercado poderoso para criar e influenciar gerando lucro em cima disso.


Porém, o entendimento do espaço web como um ambiente que também abriga interesses comerciais não retira sua potência como ferramenta do ativismo. Se bem utilizado, os interesses do capital podem servir de fortalecimento de uma rede de mobilização social. Um grande exemplo disso foi boom de influenciadorxs digitais que passaram a assumir seus cabelos crespos e cacheados nas redes sociais, e com isso influenciaram milhares de seguidores a se juntar a essa causa político-simbólica. Toda essa repercussão que partiu do político, do identitário, gerou no mercado uma urgência para atender o público consumidor de produtos afro, que no passado era totalmente desconsiderado por instâncias do capital.


Pierre Musso fala, em texto, que a rede carrega em si a possibilidade de revolução, por isso, a rede se encontra como prótese técnica da utopia social, ela é símbolo utópico de associação universal, em concepção e ação que anuncia relações igualitárias. (MUSSO, p. 34). Assim, levantamos uma ambiguidade em que se abrigam as relações sociais mediadas pelo ciberespaço. Uma campanha beneficente ou um movimento social mediado pela internet ainda precisam das curtidas, do compartilhamento, o tuíte, do comentário, do follow para ter engajamento.



Essas ações são interseccionadas por sua realidade fora da plataforma mediada por computadores. “...A internet é um instrumento que desenvolve, mas que não muda os comportamentos; ao contrário, os comportamentos apropriam-se da internet, amplificam-se e potencializam-se a partir do que são” (MORAES, 2004: p. 273). Ou seja, ela ocupada por pessoas e as mesmas ainda serão responsáveis por decidir quais causas devem ou não serem apoiadas, e devem ou não serem divulgadas ou esquecidas a partir de suas concepções políticas e sociais.


Não é atoa que a rede é definida como uma estrutura de conexão estável no tempo. As redes são líquidas, não podem ser abrigadas como fontes utópicas de livre circulação, onde há democracia e igualdade, mas também não podem generalizá-las como o inferno do controle.


Bom, ainda hoje é difícil achar uma resposta para essa ambiguidade. Se questione quanto aos meios tecnológicos utilizados em sua rotina diária e a quantidade de realidade que são alimentadas e fomentadas por você nas redes sociais. Quer saber mais sobre o assunto?

Acompanhe as cenas dos próximos capítulos através do blog!







 
 
 

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